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Um caso de dupla artéria descendente anterior.

Hernán Patricio García Mejía, José Ricardo Ribeiro Miguel Scandiuzzi, Matheus Carvalho Alves Nogueira , Carolina Marina Simon, João Paulino Neto, Juliano Novaes Cardoso, Fabio Fernandes
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Paciente feminina,  75 anos, antecedente de hipertensão arterial sistêmica, trombose venosa profunda e Doença de Chagas na forma digestiva diagnosticada aos 30 anos de idade. Encaminhada ao ambulatório de Cardiologia em outubro de 2023 por dor torácica opressiva em repouso, duração de 10 minutos associada a dispneia aos moderados esforços, dispneia paroxística noturna e ortopneia. Cintilografia miocárdica com estresse farmacológico com dipiridamol mostrava discreta hipocaptação persistente de parede apical e ausência de isquemia induzida. No ecocardiograma, FE de 35% com hipocinesia difusa mais acentuada em região septal. Em 10/04/2024 apresentou infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST. Realizado cateterismo cardíaco no dia 13/04/2024: ADA com lesão de 50% em terço médio e ausência de lesões obstrutivas nos demais segmentos arteriais, não sendo necessária ATC. Angiotomografia previamente agendada de coronárias no dia 17/04/2024, mostrando tronco de coronária esquerda sem redução luminal significativa e ADA duplicada (tipo I de Spindola-Franco). 

A ADA tem a origem e distribuição mais constante no ser humano. A dupla ADA consiste em duas artérias descendentes anteriores, uma curta, que percorre e termina no sulco interventricular anterior sem atingir o ápice, e uma ADA longa, que se origina do próprio tronco da coronária esquerda ou da artéria coronária direita.  

As variantes anatômicas de origem, trajeto, distribuição e ramificação das artérias coronárias são infrequentes com incidência de 0,131 a 1,38%, a maioria das vezes sendo um achado nos exames de imagem, podendo estar associadas a malformações congênitas, como transposição completa das grandes artérias e tetralogia de Fallot. Em uma análise de 70.850 coronariografias de adultos, foram encontrados 171 casos com anomalias coronárias, dos quais 0,017% correspondiam a dupla ADA.

Andreou e Avraamides, Li e Huang atribuem essa variação anatômica à migração inadequada no desdobramento de células mesenquimais e da crista neural. A descrição angiográfica dos 4 tipos de dupla ADA publicada por Spindola-Franco et al. em 1983 é ainda é a representação gráfica mais completa da atualidade. Por fim, destaca-se que a presença da dupla artéria descendente anterior pode representar um desafio na interpretação de exames não invasivos de estratificação coronariana, devido às peculiaridades de sua irrigação. Reconhecer essa variação anatômica é essencial para evitar diagnósticos equivocados e planejar adequadamente intervenções terapêuticas.

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