Introdução: A doença arterial periférica (DAP) é uma manifestação comum da aterosclerose, caracterizada pela estenose progressiva das artérias não coronárias. É frequentemente assintomática, subdiagnosticada e subtratada, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade cardiovascular e cerebrovascular. Sua apresentação mais frequente é a doença arterial periférica dos membros inferiores (DAPMI), com alto risco de eventos adversos graves. Estima-se que a DAP afete mais de 200 milhões de pessoas globalmente, com prevalência crescente em países em desenvolvimento, como o Brasil. Em São Paulo, o impacto da DAP na saúde pública é significativo. No entanto, há escassez de estudos que analisem o perfil epidemiológico desses casos. Metodologia: Estudo epidemiológico, transversal, retrospectivo e descritivo com dados coletados do Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), no período de 2015 a 2024. Foram analisados os casos paulistas da Classificação Internacional de Doenças 10 - I70 (Aterosclerose) e I73.9 (DAP). Os dados foram extraídos do SIH selecionando internações hospitalares, em que a causa principal ou secundária fosse a I70 e a I73.9, com ênfase em procedimentos de amputação de membros inferiores. A análise incluiu a contagem de internações, tempo de permanência hospitalar e taxa de mortalidade por sexo e faixa etária. Os dados foram analisados utilizando técnicas estatísticas descritivas, incluindo frequências, médias e porcentagens. Resultados: Nos últimos 10 anos, foram registradas 14.715 amputações por DAP. A maioria das amputações ocorreu em pacientes com idade superior a 60 anos (81%), com uma proporção maior de homens (62%) em comparação com mulheres (38%). O tempo médio de internação foi de 9 dias. Já a taxa de mortalidade hospitalar associada foi de 11,8%, atingindo 41,2% em pacientes com mais de 60 anos. O valor total gasto, segundo o procedimento realizado, ultrapassou 35 milhões de reais. Conclusão: Este estudo sublinha a importância de estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado para reduzir o impacto desta condição. Investimentos em saúde pública, educação sobre fatores de risco, e melhoria na gestão de casos de DAP são essenciais para diminuir a incidência de amputações e melhorar os desfechos para os pacientes em São Paulo.