Introdução A estenose valvar aórtica é uma patologia que afeta cerca de 12% da população maior que 75 anos e sua incidência vem aumentando com o envelhecimento da população. As alterações hemodinâmicas da estenose valvar aórtica podem impactar a complacência intracraniana, influenciando a perfusão cerebral. O brain4care (B4C) é uma tecnologia não invasiva que permite a avaliação dinâmica da complacência intracraniana por meio da razão entre os componentes P2 e P1 da onda de pulso. O implante da valva aórtica transcateter (TAVI) é uma alternativa terapêutica menos invasiva que a cirurgia convencional de troca valvar (“aberta”), para os pacientes com estenose valvar aórtica grave.Este estudo analisou o impacto da TAVI na complacência intracraniana por meio da monitorização com o brain4care antes e após o procedimento.Métodos Foram avaliados 15 pacientes submetidos à TAVI, sendo realizada monitorização da complacência intracraniana com o B4C no período pré e pós-operatório. Os dados obtidos foram analisados considerando-se a razão P2/P1, cujos valores normais estão entre 0,6 e 1,2. Valores acima desses limites indicam possível hipertensão intracraniana, enquanto valores abaixo de 0,6 sugerem hipofluxo cerebral. Os resultados estão no gráfico (Figura 1), onde linhas pontilhadas vermelhas representam piora da complacência e verdes indicam melhora. Os pontos vermelhos indicam P2/P1 alterado e verdes valores normais. Pontos preenchidos representam mulheres, enquanto pontos com contorno representam homens.Resultados Seis dos 15 pacientes apresentavam razão P2/P1 elevada antes da TAVI, sugerindo redução da complacência intracraniana. Destes, 4 tiveram melhora após a TAVI, enquanto 2 pacientes inicialmente normais evoluíram com piora. Conclusão A monitorização da complacência intracraniana com o B4C pode fornecer informações relevantes sobre os efeitos da TAVI na perfusão cerebral. A melhora da complacência pode estar relacionada à otimização do débito cardíaco, enquanto a piora indica a necessidade de monitorização rigorosa. A avaliação contínua da complacência intracraniana pode auxiliar na tomada de decisões clínicas e na redução de complicações neurológicas, sendo uma ferramenta útil na estratificação de risco perioperatório em pacientes submetidos à TTAVI.