Efeitos cardiovasculares da semaglutida em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada: uma revisão sistemática e meta-análise
MVS Sobral, L. Rodrigues, A. Brabosa, J . Santos, I. Moulaz, N. Rocha, B. Oliveira, R. Pirolla, C. Guida
Universidade do Oeste Paulista - Presidente Prudente - São Paulo - Brasil, INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA - - SP - BRASIL
Introdução: A semaglutida emergiu como um medicamento eficaz para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2. No entanto, seus efeitos cardiovasculares e segurança em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) ainda não são claros. Portanto, esta revisão sistemática e meta-análise tem como objetivo avaliar os efeitos clínicos e laboratoriais da semaglutida em comparação com placebo em pacientes com ICFEP.
Métodos: Realizou-se uma busca sistemática nas bases de dados EMBASE, PubMed e Cochrane, desde sua criação até julho de 2024, em busca de identificar estudos que comparassem o uso de semaglutida versus placebo em pacientes com ICFEP. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa R Studio versão 4.3.2. A diferença média (MD) e a razão de chances (OR), com intervalos de confiança (IC) de 95%, foram combinadas entre os estudos. A avaliação do risco de viés foi conduzida por meio das ferramentas RoB-2 para ECRs e ROBINS-I para estudos não randomizados.
Resultados: Esta meta-análise incluiu 3 estudos, sendo 2 ECRs e 1 coorte não randomizada, com dados de 1.463 pacientes. Desses, 677 pacientes (46%) receberam semaglutida e 786 pacientes (54%) receberam placebo. O tempo de acompanhamento dos estudos foi de 52 semanas. A avaliação do risco de viés classificou os dois ECRs como de baixo risco, enquanto uma coorte não randomizada foi considerada de risco moderado. Comparado ao placebo, o uso de semaglutida foi associado a um aumento significativo na distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos (MD 16,20; IC 95% 10,19 a 22,21; p <0,01). Além disso, foram observadas reduções na pressão arterial sistólica (MD -2,21; IC 95% -3,60 a -0,82; p <0,01), sem nível de proteína C-reativa (MD 0,59; IC 95% 0,48 a 0,69; p <0,01) e nos níveis de NT-proBNP (MD 0,83; IC 95% 0,73 a 0,89; p <0.01).
Conclusão: Os resultados desta meta-análise demonstram o potencial da semaglutida para melhorar a capacidade funcional e reduzir a pressão arterial sistólica, proteína C-reativa e NT-proBNP em pacientes com ICFEP . Esses achados sugerem um possível efeito cardioprotetor, reforçando o papel da semaglutida além do controle glicêmico. Embora a evidência ainda seja limitada pelo número reduzido de estudos e pela inclusão de uma coorte com risco moderado de vies, os dados disponíveis indicam um impacto clínico relevante. Portanto, ensaios clínicos adicionais são necessários para confirmar esses benefícios e estabelecer sua aplicabilidade na prática clínica.