SOCESP

Tema Livre

TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Cardiopatia isquêmica precoce em paciente pós radioterapia: um relato de caso

Gustavo Chiari Cabral, Camila Dagostim Jeremias Cabral, Mariana K. Seganfredo, Milena M. Mayerle, Marina R. Buffon, Guilherme Chiari Cabral, João Lourenço Ardenghi Feldens, Wolney de Andrade Martins
UNIVATES - Universidade do Vale do Taquari - Lajeado - RS - Brasil, Hospital Bruno Born - Lajeado - RS - Brasil

Paciente masculino, 30 anos, diagnóstico de Linfoma aos 15 anos. Realizou tratamento quimioterápico e radioterapia (RTx) (30Gy no sítio da doença inicial e 40Gy na doença residual).

Após 15 anos, iniciou com dor torácica atípica. Encaminhado à emergência com eletrocardiograma sugestivo de isquemia subepicárdica e troponinas com curva de injúria miocárdica. Observou-se ao exame físico a demarcação da radioterapia prévia no torax. Submetido ao cateterismo cardíaco, evidenciando doença arterial coronariana (DAC) trivascular (coronária direita com lesão de 80% no óstio; tronco da coronária esquerda com aterosclerose difusa; descendente anterior com lesão de 95% no segmento proximal e oclusão do terço médio da artéria circunflexa). Ecocardiografia com fração de ejeção de 68% e ausência de alterações segmentares. Realizada cirurgia de revascularização miocárdica com sucesso.

Paciente com boa evolução pós operatória após 5 anos, classe funcional I e com adequado controle dos fatores de risco. 

 

Revisão de literatura:

A RTx mediastinal, amplamente utilizada em diversas neoplasias, possui íntima relação com estruturas cardíacas e não raramente está associado a complicações cardiológicas, como pericardites e miocardites, DAC, doenças valvares, insuficiência cardíaca e distúrbios elétricos.

A DAC pós RTx, importante causa de morbimortalidade em sobreviventes ao tratamento, pode se manifestar precocemente mesmo em pacientes sem fatores de riscos clássico. 

A definição da radio toxicidade também é bastante dificultosa, sendo basicamente definida pelo surgimento de cardiopatias, após o início da RTx, sem outras causas definidas, podendo ocorrer até décadas após o tratamento. 

O dano vascular secundário à exposição a radiação, gera disfunção endotelial e leva à uma resposta inflamatória, com agregação plaquetária e aumento da permeabilidade vascular, favorecendo o depósito lipídico. A inflação crônica provoca a liberação de citocinas pró-inflamatórias, infiltração de macrófagos e processo aterosclerótico. Além disso, a radiação induz fibrose e redução da complacência dos vasos, aumentando a rigidez arterial. 

Com a evolução da RTx, as complicações relacionadas aos tratamentos vêm reduzindo. Indivíduos submetidos a quimioterapia e/ou RTx para linfomas antes dos 21 anos apresentaram 41,5 vezes mais incidência de DAC, com especial acometimento das artérias descendente anterior e circunflexa.

O manejo do paciente com DAC induzida por RTx requer um acompanhamento cardiovascular cuidadoso a longo prazo, especialmente nos primeiros doze meses após a conclusão da terapia.

Realização e Secretaria Executiva

SOCESP

Organização Científica

SD Eventos

Agência Web

Inteligência Web
SOCESP

45º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

19, 20 e 21 de Junho de 2025