Introdução: A estratificação de risco acurada é fundamental para guiar o manejo clínico do paciente. Escores clínicos de risco, mesmo quando combinados ao escore de cálcio, podem subestimar o risco por não levarem em conta placas não calcificadas. A tomografia computadorizada de ultra-alta resolução (TC UAR) oferece o dobro da resolução espacial comparado aos tomógrafos convencionais, com o potencial de melhorar a identificação de aterosclerose e a reclassificação de risco.
Métodos: Entre 01/2021 e 08/2024, pacientes com histórico de infecção por coronavirus e sem suspeita de doença arterial coronariana (DAC) foram incluídos em um protocolo de estudo que envolvia a realização de TC UAR pulmonar e de coronárias (Canon Precision, 160x0.25mm). Os escores PREVENT e ASCVD foram calculados de acordo com os limites etários recomendados. A análise da TC UAR foi feita por especialistas em imagem cardiovascular e as estenoses foram graduadas nas faixas pré-estabelecidas pela sociedade cardiovascular de tomografia computadorizada (SCCT). O grau maximo de estenose definiu a categoria CADRADs, conforme recomendado pela SCCT, sendo 0: sem estenose, 1: 1-24% estenose, 2: 25-49% estenose, 3: 50-69% estenose, 4: 70-99% estenose, 5: 100% estenose.
Resultados: As características dos 167 pacientes estão demonstradas na Figura 1A. A população era predominantemente de baixo risco (58.7%) (1B). O escore ASCVD foi maior quando comparado ao PREVENT escore nos riscos intermediário e alto (1B). Foi identificada DAC pela TC UAR em 42.5% dos pacientes, havendo doença obstrutiva em 26 pacientes (15.6%) (1C). Em um paciente foi identificada lesão grave de tronco da coronária esquerda, sendo este submetido a cateterismo cardiaco e revascularização miocárdica. Foi identificada origem anômala de coronária em 3 pacientes (1.8%). A identificação de aterosclerose de qualquer grau foi mais frequente em paciente de alto risco, (82%), seguido dos pacientes de risco intermediário (76%), borderline (52%) e baixo risco (23%) (1D). A identificação de aterosclerose elevou o risco de 62 pacientes (37%) (1E), com impacto na otimização clinica de fatores de risco cardiovasculares.
Conclusão: A presença de DAC foi frequente em pacientes assintomáticos. A realização de TC UAR pode influenciar a reclassificação de risco dos pacientes com risco basal baixo a intermediário, potencialmente impactando no manejo clínico e desfechos cardiovasculares.