SOCESP

Tema Livre

TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST secundário à quimioterapia por 5-Fluoruracil: o dilema da retomada do tratamento - Relato de caso

Eulálio Filho MNE, Netto DLQ, Azzolini RP, Martins WA
Hospital Moriah - São Paulo - SP - Brasil

Introdução

O 5-fluoruracil (5-FU) é um quimioterápico (QT) pivotal no tratamento do câncer colorretal. Entretanto apresenta vários efeitos adversos como diarreia, náuseas e estomatite. Um efeito colateral grave e que frequentemente leva sua suspensão é a isquemia miocárdica atribuída ao vasoespasmo (VSE).  Diretrizes recomendam a contra-indicação do 5-FU após infarto do miocárdio. A retomada do 5-FU após síndrome coronariana aguda (SCA) é um dilema terapêutico que deve ser considerado em equipe multidisciplinar.  Apresentamos um caso que demonstra a possibilidade de manutenção do 5-FU após uma SCA grave.

Relato do caso

Paciente feminina, 40 anos, sem comorbidades e portadora de CA colón direito, com progressão da doença com linfangite carcinomatosa pulmonar sintomática. Iniciou FOLFIRI + Bevacizumabe e no C2 teve dor torácica súbita durante a infusão de 5-FU. Diagnosticado infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST). Recebeu AAS e anticoagulação e foi encaminhada para coronariografia. Observado VSE de pequenos ramos distais em coronária direita, com reversão após infusão de trinitroglicerina (TNG) intracoronariana. Sem lesões ateroscleróticas (Fig 1). Curva de troponina I 0-2-12h 22-37-16ng/mL (VR <11ng/mL), colesterol total=  295mg/dL, LDL= 231mg/dL e HDL= 40mg/dL. Permaneceu em UTI por 48h em uso de TNG e teve alta em uso de diltiazem, monocordil e estatina. Em discussão multidisciplinar optado pela intensificação do regime QT para FOLFOXIRI + Bevazizumabe. Após otimização do tratamento dos fatores de risco, feito nova exposição ao 5-FU em infusão continua, monitorizada em UTI, sob uso de TNG, mantendo-se assintomática. Atualmente no C5 sem novos eventos isquêmicos e com boa tolerabilidade do tratamento.

Discussão e conclusão

2,7% dos pacientes em uso de 5-FU apresentam algum tipo de cardiotoxicidade, dos quais o IAMCSST é o mais grave e frequentemente leva a interrupção do tratamento. Estudos sugerem que a incidência de VSE possa ser menor em regimes de infusão em bolus, porém essa forma de aplicação pode interferir no controle tumoral. Recente ensaio clínico demonstrou que após o controle dos fatores de risco os pacientes podem ser reexpostos ao 5-FU com um ganho de sobrevida de 28,7 meses (40 vs 18,3 p=0,003) sem aumento de eventos isquêmicos e que a infusão continua pode ser bem tolerada. Portanto, após discussão multidisciplinar e participação direta do cardio-oncologista é possível a manutenção e intensificação do tratamento com 5-FU após IAMCSST por VSE.

Realização e Secretaria Executiva

SOCESP

Organização Científica

SD Eventos

Agência Web

Inteligência Web
SOCESP

45º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

19, 20 e 21 de Junho de 2025