SÉRIE HISTÓRICA DA MORTALIDADE POR MIOCARDIOPATIAS E DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL ENTRE 2011-2023
INTRODUÇÃO: As miocardiopatias (MCP) compreendem um grupo heterogêneo de patologias que cursam com o desenvolvimento de insuficiência cardíaca, sendo a doença de chagas (DC), uma forma de MCP dilatada de relevância no cenário brasileiro. Dados epidemiológicos do Global Burden Disease relatam para MCP uma taxa de mortalidade (TM) de 4,95 óbitos/105. Enquanto a DC isoladamente tem TM de 3,78/105 e prevalência de 1-2,4% no Brasil. Dessa forma, entende-se o impacto na saúde pública, sendo imprescindível um maior entendimento da sua distribuição e tendência no país.
OBJETIVO: Avaliar o perfil epidemiológico e tendência da TM na MCP e DC entre 2011 e 2023
METODOLOGIA: Realizou-se um estudo quantitativo, descritivo da taxa de mortalidade por MCP e por DC (por 100.000 hab). Os dados de óbitos foram extraidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) no período de 2011 a 2023 segundo sexo, faixa etária e escolaridade. A pesquisa teve como área de abrangência o Brasil e suas regiões. Foi realizado também a análise temporal das taxas brutas de mortalidade, na qual empregou-se o software Joinpoint Regression Program na sua versão 5.3.0, enquanto na análise geográfica, foi aplicado o software QGIS na versão 3.340.14.
RESULTADOS: Total de óbitos no período: 160.094 (MCP) e 56.614 (DC), o perfil demográfico majoritário foi de homens, idosos, de baixa escolaridade, sendo constatada uma acentuada desproporção na região Sudeste: 62% (MCP) e 47% (DC). No entanto, quando se analisa os coeficientes de mortalidade, apenas na MCP que a região Sudeste apresenta uma TM acima da média nacional (8,78 vs 5,980 óbitos/105), enquanto para DC a taxa é próxima da média nacional (2,35 vs 2,11 óbitos/105). Por fim, a análise temporal demonstrou tendência de queda nacional nas por MCP, com Annual Percentage Change (APC) de -3,29 (p<0,0004). Não obstante, para DC houve tendência de queda convergente entre os níveis nacional com APC de -6,05 (p<0,000005) e região Sudeste (APC de -2,65; p<0,000005).
DISCUSSÃO: as variações nas TM sofrem influência de fenômenos complexos (migração, taxa de diagnóstico e notificações), bem como redução da incidência, e certo grau de decréscimo devido ao advento de novas terapias e avanço no manejo clínico.
CONCLUSÃO: é notada uma consistente tendência de queda nas TM a nível nacional nas MCP e na DC, com perfil epidemiológico marcado por serem homens, idosos, de baixa escolaridade.