Introdução
O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma das principais causas de morbimortalidade global, tradicionalmente associado a fatores de risco como idade avançada, hipertensão arterial, dislipidemia e tabagismo. No entanto, a crescente ocorrência em indivíduos jovens tem se tornado um desafio clínico e epidemiológico.
Objetivo
Analisar o perfil epidemiológico da morbidade hospitalar por IAM em pacientes abaixo de 20 anos no Brasil, em um período de 10 anos (2014-2024).
Metodologia
Estudo quantitativo e retrospectivo, baseado na análise de dados secundários do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram incluídos pacientes com menos de 20 anos internados por IAM no período de 2014 a 2024 e analisadas as variáveis: região geográfica, caráter do
atendimento, faixa etária, sexo e etnia.
Resultados
Entre 2014 a 2024, foram registrados 3.290 casos de IAM na população abaixo de 20 anos. A região Sudeste apresentou a maior frequência de casos, totalizando 1.416 atendimentos (43%), seguida pela região Nordeste, com 880 casos (27%). Em relação ao tipo de assistência prestada, 2.991 internações (91%) ocorreram em caráter de urgência. A distribuição etária evidenciou maior concentração de hospitalizações nos extremos de idade, com destaque para a faixa etária de 15 a 19 anos (1.421 casos; 43%) e menores de 1 ano (1.213 casos; 36%). Já os indivíduos entre 1 e 14 anos apresentaram menor taxa de internação em comparação com os extremos etários avaliados. Quanto ao sexo, a população masculina foi a mais afetada, com 2.264 internações (69%). Esse padrão se manteve em todas as faixas etárias, exceto no grupo de 5 a 9 anos, onde a distribuição entre os sexos foi equivalente. Em relação à variável étnica, a população parda foi a mais acometida em todas as faixas etárias, totalizando 1.512 hospitalizações (46%), seguida pela população branca, com 710 casos (22%). A população indígena apresentouo menor número de internações, com apenas 13 casos (0,4%).
Conclusão
O estudo evidencia um padrão bimodal de incidência de IAM na população avaliada, com picos em menores de 1 ano e em 15 a 19 anos. Observa-se predomínio no sexo masculino e pardos, com a maioria das internaçõees em caráter de urgência, reforçando a gravidade dos casos. A distribuição etária e a predominância masculina sugerem etiologias distintas nesses subgrupos, destacando a necessidade de estratégias preventivas diferentes. Estudos futuros são essenciais para compreender os fatores de risco específicos e aprimorar a abordagem clínica do IAM em jovens.