Introdução
O angiossarcoma cardíaco é uma neoplasia rara e agressiva, com alta taxa de mortalidade, que frequentemente se apresenta de forma tardia. Originado nas células endoteliais dos vasos sanguíneos, pode afetar diversas estruturas cardíacas, como o átrio e ventrículo direitos e o pericárdio. Suas manifestações clínicas, muitas vezes inespecíficas, podem mimetizar outras patologias cardiovasculares, o que torna o diagnóstico um desafio.
Relato de Caso
Paciente masculino, 76 anos, com histórico de hipertensão e diabetes mellitus tipo 2, procurou atendimento com queixa de palpitações esporádicas e perda de peso de 8 kg em 1 ano e meio. A ecocardiografia revelou uma massa heterogênea, de 27x25mm, pedunculada, localizada na região infundibular do ventrículo direito, com aceleração do fluxo e gradiente obstrutivo de 50 mmHg na válvula pulmonar. Após infusão de contraste, observou-se captação pela massa. O paciente foi submetido à ressecção da massa, e o estudo anatomopatológico indicou uma neoplasia vascular de baixo grau, com padrão angiomatoso e infiltração focal do miocárdio, confirmando o diagnóstico de angiossarcoma cardíaco por imuno-histoquímica.
Após a cirurgia, o paciente foi encaminhado para oncologia e iniciou quimioterapia com docetaxel e gencitabina. Durante o acompanhamento com ecocardiografia, não foi observada recorrência da massa ou anormalidades na válvula pulmonar. O paciente manteve-se estável, sem dispneia, e não apresentou novos episódios de palpitação ou perda de peso.
Discussão
O diagnóstico precoce do angiossarcoma cardíaco é de extrema importância, considerando a complexidade de sua apresentação clínica e o prognóstico reservado associado a essa neoplasia.
O caso aqui descrito, de um paciente com boa evolução após cirurgia cardíaca, evidencia a importância da abordagem rápida e precisa, bem como a eficácia da intervenção precoce no controle da doença.
Conclusões
Destaca-se, portanto, a necessidade de uma maior suspeição clínica e o emprego de estratégias diagnósticas aprimoradas para a detecção precoce de tumores cardíacos, visando otimizar o tratamento e melhorar os desfechos dos pacientes.
O manejo multidisciplinar permanece fundamental, envolvendo, além da cirurgia, o uso de terapias adjuvantes, como a quimioterapia, o que contribui para melhores perspectivas de sobrevida e qualidade de vida destes pacientes.