INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) tem como consequência prejuízos na morfologia e função cardíaca, caracterizadas pelo aumento da fibrose e redução da contratilidade do ventrículo esquerdo (VE). A associação da HAS com a privação dos hormônios ovarianos pode exacerbar esses prejuízos, a exemplo do aumento da fibrose. Entretanto, os efeitos sobre a contratilidade do VE ainda permanecem incertos. Portanto, investigamos em ratas normotensas (Wistar Kyoto, WKY) e hipertensas (Spontaneously Hypertensive Rat, SHR), os efeitos da privação precoce dos hormônios ovarianos sobre parâmetros hemodinâmicos, morfológicos, histológicos e funcionais cardíacos. METODOLOGIA: 32 ratas (16 semanas de vida) foram alocadas em dois grupos, normotensos (WKY, N=16) e hipertensos (SHR, N=16). Metade de cada grupo (N=08) foi submetida à ovariectomia na 18ª semana de vida. Na 34ª semana ambos os grupos tiveram medidas a pressão arterial (PA) e frequência cardíaca (FC) por meio de pletismografia de cauda; a morfologia e função cardíaca por ecocardiografia; a reatividade do leito coronariano e a pressão ventricular esquerda em coração isolado por meio da Técnica de Langendorff; e o percentual de fibrose no VE por análise histológica. RESULTADOS: A comparação entre os grupos (ANOVA de duas vias) mostrou que ratas hipertensas apresentavam maiores valores da PA (p<0.001)e FC (p=0.004). Também apresentavam menores valores do volume sistólico (p=0.017), fração de ejeção (p=0.002), fração de encurtamento (p=0.002) e aumento no percentual de fibrose no VE (p<0.05). A ovariectomia promoveu aumento da massa corporal em ambos os grupos, normotensos e hipertensos (p<0.001), enquanto a massa cardíaca somente aumentou nos hipertensos (p<0.05). A ovariectomia também elevou o percentual de fibrose (p<0.05) em ambos os grupos, normotenso e hipertenso. Por sua vez, a Técnica de Langendorff, em coração isolado, mostrou que somente as ratas hipertensas não ovariectomizadas apresentaram maior reatividade do leito coronariano ao aumento do fluxo quando comparadas às ratas normotensas (p<0.05). Também mostrou que ratas hipertensas apresentavam menores valores da dP/dTmáx e dP/dTmín, enquanto a ovariectomia reduziu a pressão sistólica do VE, dP/dTmáx e dP/dTmín tanto em normotensas quanto em hipertensas. CONCLUSÃO: Os resultados sugerem que a privação dos hormônios ovarianos promove prejuízos na morfologia e funcionalidade cardíaca, principalmente nas ratas hipertensas. Ademais, reduz a contratilidade do VE e eleva o percentual de fibrose em ratas normotensas e hipertensas.