INTRODUÇÃO: A bandagem da artéria pulmonar (PAB) é uma estratégia paliativa para cardiopatias congênitas ou hipertensão pulmonar quando a correção cirúrgica imediata é inviável, incluindo casos refratários de insuficiência cardíaca terminal. Em síndromes como a hipoplasia do coração esquerdo (HLHS), a PAB bilateral auxilia na estabilização pré-cirúrgica, enquanto em defeitos como o septo atrioventricular completo (cAVSD), os resultados são variáveis. Este estudo analisa as controvérsias da PAB em cardiopatias congênitas, revisando seus efeitos na morbimortalidade.
METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão sistematizada. A pergunta PICO guiadora foi: População: pacientes com cardiopatias congênitas e insuficiência cardíaca; Intervenção: PAB; Comparador: correção cirúrgica definitiva; Desfechos: morbimortalidade. As buscas foram realizadas nas bases Medline (via PubMed) e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com os termos exatamente desta forma “Congenital Heart Defects” AND “Pulmonary Artery Banding” OR “PA Banding” AND “Early Surgery” AND “Heart Failure”, limitadas a artigos completos publicados nos últimos 20 anos. Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: Estudos comparando PAB vs cirurgia definitiva com dados sobre mortalidades e parâmetros cardíacos. Foram excluídos relatos de casos e artigos focados apenas em técnicas cirúrgicas. O processo de seleção envolveu triagem por título/resumo (Rayyan) e avaliação de texto completo. Os dados foram sintetizados de forma qualitativa.
RESULTADOS: Dos 33 artigos identificados pelas buscas, 15 foram incluídos após a seleção. A PAB demonstrou resultados heterogêneos. Estudos em animais sobre demonstraram que a PAB induziu fibrose precoce na 2ª semana pós-procedimento, associada a elevação de marcadores como Collal e BNP. Em lactentes com cAVSD, a PAB aumentou o tempo de internação em 33,9 dias (p=0,03) e reduziu a sobrevida global em 10 anos para 63,2% (p < 0,001) versus reparo primário. Contudo, na insuficiência cardíaca terminal refratária, a PAB mostrou-se eficaz, com sobrevida de 100% em 5 anos e recuperação miocárdica em 67% dos pacientes, evitando transplante. Nos neonatos com síndrome do HLHS, a PAB bilateral estabilizou 70,6% dos casos graves, mas a mortalidade em 1 ano atingiu 52,9%.
CONCLUSÃO: A PAB parece ser eficaz na insuficiência cardíaca terminal refratária, mas pode estar associada a maior tempo de internação e redução na sobrevida em cAVSD. Em neonatos com HLHS, estabiliza casos graves, mas a mortalidade aumenta após 1 ano, demandando melhora do processo.