Introdução: A inibição da proteína cotransportadora de sódio-glicose do tipo 2 (SGLT2) tem efeitos benéficos no sistema cardiovascular de pacientes com diabetes mellitus (DM). No entanto, como a maioria dos ensaios foram realizados no DM tipo 2, seu impacto no DM tipo 1 permanece incerto. Objetivo: Investigar os efeitos do tratamento por longo prazo com o inibidor da SGLT2 dapagliflozina no proteoma do ventrículo esquerdo (VE) de ratos com DM tipo 1. Métodos: Ratos Wistar machos foram divididos em três grupos: Controle (C, n=14); Diabetes (DM, n=15); e Diabetes tratado com Dapagliflozina (DM+DAPA, n=14) por 30 semanas. DM foi induzido por estreptozotocina (40 mg/kg). Dapa foi adicionada à ração na dose de 5 mg/kg/dia. O proteoma do VE (n=6 por grupo) foi avaliado em espectrometria de massa em sistema nanoAcquity UPLC-Xevo QTof MS e software ProteinLynx Global Server (PLGS). Software Cytoscape, e plugins Cluster Marker e Cluego foram usados para análise de bioinformática. Análise estatística: ANOVA e Tukey ou Kruskal-Wallis e Dunn. Resultados: DAPA aumentou o peso corporal e reduziu a glicemia (Tabela). Seis proteínas relacionadas ao metabolismo energético (Atp5j, P21571; CKm, P00564; Ak1, P39069; Atp5h, P31399; Mdh1, O88989; e Idh2, P56574), quatro envolvidas no acoplamento excitação-contração (Act1, P68065; Casq2, P51868; SERCA1, Q64578; e SERCA2a, P11507), e duas associadas ao estresse oxidativo (Sod1, P07632; e Sod2, P07895) foram reguladas positivamente em DM+DAPA vs DM. Em DM vs C, a via KEEG (Enciclopédia de Genes e Genomas de Kyoto) com maior porcentagem de associações gênicas para proteínas reguladas positivamente foram: junção comunicante (25,6%), necroptose (25,6%) e degradação de ácidos graxos (25,6%), e para proteínas reguladas negativamente: doença de Alzheimer (27,3%), contração do músculo cardíaco (25%) e glicólise/gliconeogênese (13,6%). Na comparação DM+DAPA vs DM, a via KEEG com a maior porcentagem de associações gênicas para proteínas reguladas positivamente foi relacionada à doença de Parkinson (18,3%), contração do músculo cardíaco (14,2%), ciclo do citrato (9,47%), necroptose (8,88%) e sinalização de cGMP-PKG (7,10%); para proteínas reguladas negativamente, foi relacionada à síntese e degradação de corpos cetônicos (100%). Conclusão: Dapagliflozina previne alterações na expressão de proteínas relacionadas ao metabolismo energético, contração do músculo cardíaco e estresse oxidativo de ratos com diabetes mellitus tipo 1.