Introdução: A oclusão crônica de coronária total (CTO) é caracterizada por uma obstrução completa, estimada em pelo menos 3 meses, afetando cerca de 15-20% dos pacientes com doença arterial coronária (DAC) e está associada a angina e disfunção ventricular. Devido não parecer impactar em desfechos de mortalidade, em relação ao tratamento clínico otimizado, a revascularização como estratégia adicional ainda é debatida. Apresentamos um caso de CTO com grande área de isquemia, discutindo os desafios clínicos, opções terapêuticas e evolução do paciente.
Relato de caso:
Mulher, 51 anos, hipertensa, ex-tabagista, foi diagnosticada com obstrução biarterial em cateterismo externo. Inicialmente, optou-se pelo tratamento clínico, mas a paciente evoluiu com dispneia classe funcional 3, sendo encaminhada a um centro especializado. A cintilografia miocárdica evidenciou isquemia significativa acometendo 50% do ventrículo esquerdo. Devido à grande repercussão clínica, foi realizada angioplastia transluminal coronária na artéria descendente anterior (DA). Após duas semanas, a paciente apresentou remissão completa dos sintomas e permaneceu estável, com seguimento ambulatorial.
Figura 1: A- Cateterismo com DA fechada; B- Cateterismo pós angioplastia com DA revascularizada
Discussão e Conclusão:
A CTO afeta 15-20% dos pacientes com DAC, mas seu tratamento ainda é debatido. A intervenção coronária percutânea (ICP) é realizada em apenas 10-15% dos casos, variando entre centros especializados, sendo reservada principalmente para os paciente sintomáticos, com anatomia favorável, sendo a isquemia um dado adicional para a decisão
A literatura sugere que a ICP melhora a qualidade de vida e reduz sintomas de angina, como demonstrado pelo EURO-CTO Trial (2018), embora sem impacto na mortalidade. Estudos como OPEN-CTO (2017) e DECISION-CTO (2017) reforçam a necessidade de seleção criteriosa dos pacientes.
No caso descrito, a angioplastia na DA levou à remissão completa dos sintomas, evidenciando o benefício da abordagem individualizada. Além da anatomia coronariana, o impacto funcional da isquemia e os sintomas do paciente são determinantes na decisão terapêutica.
Este relato reforça que a ICP pode ser uma estratégia eficaz para pacientes sintomáticos com ampla área de isquemia, especialmente quando realizada por equipes experientes. A necessidade de mais estudos sobre seu impacto na mortalidade permanece, mas a discussão de cada caso de forma individual é essencial.