O impacto da Revascularização Endovascular na Doença Arterial Obstrutiva Periférica: Desfechos Cardiovasculares e Cerebrovasculares
Introdução: A Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP) em estágios avançados, como a isquemia crítica de membros (CLTI), apresenta altas taxas de morbidade e mortalidade. Estudos indicam que, apesar dos avanços da revascularização endovascular, os desfechos permanecem desfavoráveis, com taxa de sobrevida de apenas 69% em dois anos. Embora menos invasiva, essa abordagem requer seleção criteriosa do paciente. O objetivo deste estudo foi avaliar os desfechos cardiovasculares e cerebrovasculares em pacientes submetidos à revascularização endovascular, considerando o segmento arterial acometido.
Métodos: Estudo observacional retrospectivo, incluindo pacientes submetidos à revascularização endovascular entre 2017 e 2024. Foram analisados dados clínicos e epidemiológicos, incluindo idade, sexo, hipertensão arterial, diabetes, tabagismo e dislipidemia. Os desfechos primários foram eventos cardiovasculares e cerebrovasculares (IAM, AVC e óbito). Eventos adversos nos membros tratados incluíram amputações e reestenose/oclusão. O tempo de seguimento foi de 36 meses.
Análise Estatística: Foram aplicados teste do qui-quadrado e teste t de student. A sobrevida foi avaliada por Kaplan-Meier, comparada pelo teste de log-rank (p < 0,05).
Resultados: Foram analisados 714 pacientes (55,7% homens, 67,5% diabéticos, 75% hipertensos e 51,4% tabagistas). O acometimento predominantes foi femoro-poplíteo (29,4%), seguido de infra-poplíteo (25,5%) e aortoilíaco (17,1%). A mortalidade global foi 20,7%, com IAM em 10,5% e AVC em 2,7%. O total de amputações foi 40,2%, e 16% apresentaram reestenose/oclusão. A curva de Kaplan-Meier demonstrou que pacientes com lesão aortoilíaca apresentaram maior mortalidade preococe, enquanto os com acometimento inra-poplíteo tiveram maior sobrevida, mas alta taxa de complicações.
Conclusões: A revascularização endovascular na DAOP apresentou altas taxas de mortalidade e eventos adversos. Pacientes com lesões aortoilíacas tiveram pior prognóstico, enquanto os com acometimento infra-poplíteo tiveram sobrevida mais longa, porém com alto risco de amputações e reintervenções. Os achados reforçam a importância do monitoramento contínuo e otimização do manejo clínico.