Introdução: O acometimento da musculatura esquelética é comum na Insuficiência Cardíaca (IC), porém pouco estudado no cenário agudo da doença
Objetivos: Em pacientes hospitalizados por IC em enfermaria, analisar a relação entre a fraqueza muscular esquelética verificada próximo à admissão com o risco de óbito durante a internação.
Metodologia: estudo longitudinal em pacientes ≥18 anos hospitalizados por IC aguda em enfermaria de um hospital geral provenientes do setor de emergência, durante o período de 03/2023 a 04/2024. Excluímos pacientes com doenças neuromusculares prévias, além de indivíduos com delirium e demência (aplicados instrumentos de triagem validados). Em ambiente de enfermaria, realizamos testes padronizados de força de preensão palmar obtida por dinamômetro. Valores < 27 kg para homens e 16kg para mulheres foram utilizados para definição de fraqueza muscular esquelética. Todos os participantes passaram por exame clínico por cardiologista no mesmo dia da avaliação da força muscular. Ecocardiografia transtorácica foi feita durante a internação.
Resultados: A amostra contou com 37 participantes, com idade de 68 (±15) anos (média ± desvio-padrão) e a maioria homens (68%). O tempo desde a admissão até a avaliação foi de 2 [2] dias (mediana e variação interquartil), e evidenciou 15 participantes com fraqueza muscular esquelética (40% da amostra). Esse grupo não apresentou diferenças de idade e sexo comparado aos participantes sem fraqueza. Comorbidades pesquisadas com implicação prognóstica em potencial, hemoglobina e função renal não foram diferentes entre os grupos. A classificação da IC conforme a fração de ejeção do ventrículo esquerdo também não diferiu entre os grupos, bem como as medicações em uso. A proporção de pacientes em uso de antibióticos teve distribuição semelhante entre os grupos (46% na amostra total). Já o perfil clínico-hemodinâmico foi diferente entre eles, por maior proporção de pacientes em perfil C (frio e úmido) no grupo com fraqueza em comparação aquele sem fraqueza (47 vs 5%; p = 0,020). A taxa de óbito hospitalar foi de 33% nos participantes com fraqueza, em oposição à 5% no grupo sem fraqueza muscular. Em um modelo de regressão logística [Chi-quadrado = 5,568; df =1; p = 0,018; R2 = 0,238], a fraqueza muscular foi a única dentre as variáveis acima que demonstrou associação independente com óbito hospitalar (p = 0,043).
Conclusão: Fraqueza muscular esquelética foi preditor de mortalidade hospitalar em pacientes com IC aguda encaminhados para tratamento inicial em enfermaria.