Diferentes fenótipos de hipertensão podem apresentar padrões distintos de regulação autonômica, mas a influência desses padrões na refratariedade ao tratamento ainda não está completamente elucidada. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) pode revelar alterações funcionais importantes, em especial quando há combinação de métricas lineares e não lineares.
Objetivo: avaliar parâmetros da VFC em mulheres com diagnóstico de hipertensão arterial através de métodos lineares e não lineares.
Metodologia: Participaram deste estudo 49 mulheres acompanhadas em Ambulatório de Hipertensão Arterial com idade entre 49 e 82 anos, divididas em 3 grupos; Hipertensas – HAS (n=13); Hipertensas Resistentes – RHTN (n=21) e Hipertensas Refratárias – RefHTN (n=15). Para avaliação da função autonômica foi realizada análise da variabilidade espontânea de uma série de intervalos RR com auxílio de frequencímetro Polar® para captação do sinal eletrocardiográfico e utilização de software dedicado Kubios®. Realizou-se análise descritiva e teste de comparação ANOVA One-way admitindo-se p<0,05.
Resultados: Os componentes espectrais da VFC não apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre os grupos. Os valores médios de LF foram de 118,9 ± 70,8 ms² (HAS), 195,0 ± 179,7 ms² (RHTN) e 130,3 ± 142,0 ms² (RefHTN) (p = 0,3160). Já os valores médios de HF foram de 91,8 ± 62,8 ms² (HAS), 151,1 ± 189,2 ms² (RHTN) e 112,9 ± 133,5 ms² (RefHTN) (p = 0,5658). O componente VLF também não demonstrou diferença significativa entre os grupos (p = 0,7479). A razão LF/HF apresentou valores médios de 1,8 ± 0,9 (HAS), 2,2 ± 1,9 (RHTN) e 1,9 ± 2,2 (RefHTN), p=0,6995. Para o índice de estresse os seguintes valores médios foram observados 19,1 ± 6,0 (HAS), 17,2 ± 6,5 (RHTN) e 18,4 ± 6,8 (RefHTN) (p = 0,6995). Para o índice parassimpático – PNS, observou-se valores médios de -0,8 ± 0,8 (HAS), -0,9 ± 0,7 (RHTN) e -0,4 ± 1,0 (RefHTN) com p = 0,2329. O SNS 1,8 ± 1,4 (HAS), 1,6 ± 1,3 (RHTN) e 1,3 ± 1,7 (RefHTN) (p = 0,7237). Na análise da entropia, os valores médios foram de 1,5 ± 0,1 (HAS), 1,4 ± 0,1 (RHTN) e 1,5 ± 0,1 (RefHTN) com p = 0,0505.
Conclusão: Conclui-se que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos, demonstrando que o comportamento autonômico não é determinante na apresentação clínica da hipertensão em termos de refratariedade ou não, sugerindo que outros mecanismos fisiopatológicos estejam envolvidos