Introdução: A dermatopolimiosite é uma doença crônica, multissistêmica e autoimune, caracterizada por inflamação crônica da pele e dos músculos estriados. Apresenta-se em duas formas principais: miopática, com lesões musculares e cutâneas, e amiopática, com apenas lesões cutâneas. O sexo feminino é o mais afetado, e a idade média do diagnóstico é de 40 anos. Das alterações sistêmicas, a manifestação muscular mais frequente é a perda de força proximal, e a manifestação pulmonar mais comum é a pneumopatia intersticial. O envolvimento cardíaco é raro e, quando presente, as manifestações estão principalmente relacionadas à insuficiência cardíaca congestiva.
Relato de Caso: Paciente feminina, VCRM, 24 anos, negra, natural e procedente de São José do Rio Preto. Há 1 ano, apresenta queixa de fraqueza predominante em musculatura proximal de membros inferiores e superiores, associada a lesões hipercrômicas no dorso das mãos, colo e região anterior do pescoço, perda de peso de 21 kg no período e adinamia. Evolui com dispneia aos moderados esforços, progredindo para dispneia em repouso, ortopneia e dispneia paroxística noturna, além de edema simétrico de membros inferiores.
Em seguimento com equipe de reumatologia, foi realizado o diagnóstico de dermatopolimiosite devido ao quadro de perda de força muscular proximal, pápulas de Gottron, aumento de creatinofosfoquinase, artralgias e sintomas constitucionais (perda de peso e adinamia). A eletroneuromiografia foi compatível com miopatia.
Encaminhada para a equipe de Cardiologia para investigação de dispneia. O ecocardiograma revelou fração de ejeção (Teich) de 11,8%, com comprometimento da função global do ventrículo esquerdo e hipocinesia difusa. A cineangiocoronariografia mostrou artérias coronárias livres de lesões obstrutivas, com ventrículo esquerdo com contratilidade global discretamente deprimida. A ressonância cardíaca apresentou fração de ejeção reduzida biventricular com ventriculo direito 21% e ventriculo esquerdo 16% além de realce tardio mesocárdico focal, de padrão não isquêmico, nas junções interventriculares anterior e inferior, estendendo-se linear e discretamente para o segmento anterosseptal basal, sugerindo acometimento cardíaco pela doença de base.
Conclusão: Existem várias causas de insuficiência cardíaca, por isso, a anamnese e o exame físico são essenciais para um bom diagnóstico. Miopatias inflamatórias devem ser consideradas, principalmente em pacientes jovens e do sexo feminino. Nesses casos uma abordagem multidisciplinar é essencial para diagnóstico e tratamento.