INTRODUÇÃO: No Brasil, 2% da população adulta do país se identifica como trans (transgênero), o que representa quase três milhões de pessoas. O indivíduo trans é aquele que não se identifica com o seu sexo biológico, podendo recorrer à terapia hormonal para conseguir viver como uma pessoa do sexo oposto. Como se trata de uma minoria social, a população trans acaba sofrendo com a falta de atendimento médico especializado e de qualidade. Nesse sentido, o objetivo da presente pesquisa é mostrar que a terapia hormonal, da forma como é realizada hoje, pode impactar negativamente na saúde cardíaca das pessoas trans. Outrossim, a pesquisa também visa revelar que essa comunidade sofre com atendimentos médicos rasos e limitados no que concerne a informações, manejo e orientações. METODOLOGIA: A pesquisa consiste em um estudo ecológico, descritivo, cuja abordagem é qualitativa. Nela, foram analisadas publicações em diferentes bases de dados da saúde (como Pubmed) encontradas a partir de descritores de saúde pré-definidos (como “Transgender Persons”). A partir disso, foi realizado um estudo secundário, do qual parte o presente resumo, embasado em entrevistas com pessoas transgênero. RESULTADOS: Homens trans que passaram por terapias hormonais de longa duração quando comparados à população cis (cisgênero) possuem maior rigidez arterial, que foi estimada pela velocidade de onda de pulso. Além disso, uma pesquisa com 33 pessoas submetidas a terapia hormonal com testosterona por uma média de tempo de 14 anos mostra um aumento do hematócrito nesses pacientes em comparação com pessoas cis. Também foi observado que a terapia de afirmação de gênero tem efeito deletério sobre a pressão sistólica e diastólica, que se mostrou maior em homens trans do que em homens cis. A partir de entrevistas com a população trans, a maior parte afirma que desconhece os riscos à saúde cardíaca que a terapia hormonal apresenta. Ainda, essa população, que já é frequentemente vítima de manejo médico inadequado, também afirma que gostaria de ter recebido tais informações antes de iniciar o tratamento. CONCLUSÃO: As terapias de afirmação de gênero são um direito da população trans e devem ser aprimoradas. Conclui-se que a população trans, a fim de ter maior qualidade de vida, precisa de mais acesso à informação sobre saúde. Também destaca-se que é imprescindível que a comunidade médica aperfeiçoe o manejo e as orientações a essa comunidade.